A indústria brasileira de aço já começa a trabalhar com números mais positivos para o ano que vem. O Instituto Aço Brasil divulgou ontem, durante evento de fim de ano, que as vendas ao mercado interno brasileiro devem crescer 4,1% em 2018, somando 17,41 milhões de toneladas. O consumo aparente deve subir 4,9%, para 20,1 milhões de toneladas. Não foram apresentadas previsões para a produção do setor em 2018.
Segundo Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, o melhor desempenho do setor no próximo ano será liderado pela demanda das montadoras brasileiras por aços planos e alguma recuperação da demanda do setor de construção.
As projeções apresentadas para 2018 apontam para um desempenho melhor mesmo após as revisões divulgadas ontem. Em julho, o Instituto Aço Brasil previa queda de 1,2% das vendas internas da indústria neste ano, frente a 2016. Na estimativa apresentada ontem, passou a prever crescimento de 1,2%
das vendas internas de aço em 2017, para 16,72 milhões de toneladas.
Segundo o instituto, essa revisão é fruto da melhor expectativa das montadoras locais, cuja produção tem crescido em função do aumento das exportações. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previa aumento de 11,9% na produção em junho deste ano. Essa projeção foi revisada para 25,2% em setembro.
Com a ajuda do setor automobilístico, a indústria de aço passou a prever um crescimento de 9,2% na sua produção em 2017, para 34,15 milhões de toneladas de aço bruto. Em julho, a expectativa era de um crescimento mais modesto, de 3,8%. Além das melhores vendas, o desempenho considera a participação da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), de placas de aço, que é exportadora.
“Isso não significa que estamos vivendo um bom momento. De janeiro a outubro, o setor produziu 8,5% a mais de aço bruto frente ao mesmo período do ano passado. Sem a CSP, esse crescimento teria sido bem menor, de 3,4%”, explicou Alexandre de Campos Lyra, presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil.
Segundo o Instituto, com toda a expectativa de crescimento neste e no próximo ano, a indústria siderúrgica não recupera a queda de 32,2% das vendas internas no período de 2013 a 2016. A expectativa é de voltar ao patamar de vendas de 2013 somente em 2028.
Lopes disse que uma das saídas para manter um nível mínimo de operação tem sido a exportação. A expectativa é que elas cresçam 14,5% neste ano, em comparação a 2016. Mais uma vez, boa parte desse avanço também se deve à CSP.
O executivo defende que o governo corrija assimestrias competitivas, como os elevados custos financeiros e cumulatividade de tributos. Outra questão apontada como relevante é a elevação da alíquota do Reintegra, de 2,5% para 5%, de forma a ressarcir os resíduos tributários embutidos nas exportações.
Esse resíduo estaria em 7%.
Neste quesito, o Instituto selecionou três escritórios de advocacia para acionar judicialmente a União. “Dia 14 de dezembro temos reunião para ultimar a elaboração do processo”, disse Lopes.